terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quatro pessoas foram indiciadas por estelionato, formação de quadrilha e crime contra o sistema financeiro.

Quatro pessoas foram indiciadas por estelionato, formação de quadrilha e crime contra o sistema financeiro.

Goiás intima pastores por suposto esquema de pirâmide chamado de Elite Activity

Um total de 18 pastores evangélicos foi intimado, pela Polícia de Goiás, a prestar depoimento amanhã (10) no inquérito que investiga um suposto esquema de pirâmide denominado Elite Activity. De acordo com o delegado Waldir Soares de Oliveira, titular do 22º DP da Vila Mutirão, região Noroeste de Goiânia, os religiosos estariam envolvidos na pirâmide, que entrou no País no ano passado.

"O esquema atraiu cerca de uma mil pessoas em Goiás, outras 72 mil pessoas em sete Estados no País e tem ramificações entre brasileiros que moram nos Estados Unidos", afirmou o delegado, que preside o inquérito. Segundo ele, a Polícia Federal e a Interpol foram acionadas, na semana passada. Segundo ele, a Elite, empresa que supostamente administra a pirâmide, tem sede em Austin (Texas). Soares garante que todos os religiosos a serem ouvidos no inquérito, podem ser indiciados por formação de quadrilha, estelionato e crime contra a economia popular.

Até agora, de acordo com a polícia, o grupo de pessoas supostamente lesadas estaria concentrado em Goiânia. Consta no inquérito que o suposto esquema usa a Bíblia para tentar enganar as pessoas. No site em português www.eliteactivity.com.br, os organizadores do "Elite Activity" garantem que o sistema de doação não é uma pirâmide, mas "uma crença nascida da tentativa de partilhar". Isso significa, segundo a Elite, o direito do indivíduo de dar e receber doações.

O direito à abundância da Elite resultou, na semana passada, na prisão em flagrante de um pastor, Elias Pereira de Deus, e um diácono, Geraldo Alves de Carvalho, no 22º DP. Eles atuavam, segundo a polícia, num dos bairros mais pobres de Goiânia, o Jardim Primavera, e teriam convencido mais de 300 pessoas para aderir ao esquema. Pelo sistema de "doações" de R$ 200 em dinheiro, cada participante deveria convidar mais duas pessoas que, por sua vez, chamariam outras duas. Na multiplicação da base, cada cabeça receberia oito vezes o valor investido graças ao "círculo de abundância".

O sistema, em ciclos, também possibilita a cada "membro" mudanças de ciclos de doações, num total de sete, com valores variando entre R$ 100 a R$ 500.
"Para cada uma das sete doações há oito doações a receber", indica o site.
"A promessa é que, no final de cada ciclo, o participante receberia até R$ 568 mil", disse o delegado.

A polícia civil já tem o nome de 20 pastores evangélicos suspeitos de atraírem fiéis em Goiânia para um golpe da pirâmide conhecido como "Elite Activity". Um deles foi preso na quarta-feira e outro foi ouvido na manhã de ontem. Os outros, citados nos depoimentos de mais de 30 vítimas ouvidas pela polícia nas últimas duas semanas, devem ser convocados para depor nos próximos dias.

Para atrair as pessoas, os divulgadores usavam trechos da Bíblia e convenciam os fiéis de que a pirâmide era uma forma de ajudar os próximos e ser recompensado por Deus. O Elite Activity, segundo a polícia, surgiu no Estado do Texas, nos EUA, e veio para São Paulo há um ano. Teria feito aqui no Brasil mais de 70 mil vítimas em onze Estados.

O esquema chegou à capital há quatro meses e teria atraído mais de 1 mil pessoas. Para se ter uma idéia, o pastor Elias Pereira, 46 anos, e o diácono Geraldo Alves de Carvalho, ambos da igreja Assembléia de Deus, admitem terem atraído mais de 300 pessoas. O primeiro teria faturado R$ 4 mil em um mês. O diácono diz ter ganho R$ 2,5 mil no mesmo período.

Ontem a polícia ouviu o mototaxista Weder Rodrigues Cordeiro, 33 anos, apontado como um dos principais multiplicadores do Elite Activity em Goiânia. Ele admite ter entrado na pirâmide, mas como vítima. A polícia, entretanto, tem contra o mototaxista o testemunho de outros participantes que o apontam como quem ia às igrejas evangélicas fazer palestras para formar novos grupos.

O pastor Natanael Crisóstomo Sobrin, da Assembléia de Deus, também foi ouvido pela polícia e confirmou envolvimento dele e de outras pessoas no Elite Activity, a qual ele chama de "corrente da prosperidade". Na próxima semana, a polícia vai ouvir dois irmãos apontados como os responsáveis por trazer o golpe para Goiânia.

Como funciona
Em uma primeira etapa, a vítima é convidada a entrar com R$ 200 e tem de chamar mais pessoas até formar um grupo de oito. Ao final ciclo, conseguia R$ 1,6 mil. Depois, entrava com mais dinheiro, atraía mais pessoas e, em tese, tinha um retorno financeiro ainda maior. No final de todas as etapas, era prometida uma recompensa de até R$ 580 mil.

"No começo todo mundo ganhou dinheiro, mas depois só esse pessoal que divulgou o golpe é que passou a faturar. As pessoas da base não recebiam e vieram denunciar", explica o delegado Waldir Soares de Oliveira, do 22º DP (Jardim Curitiba), responsável pelas investigações.

Discussão
O delegado chegou a discutir, pela imprensa, com o vereador Simeyzon Silveira (PSC), filho do líder do Ministério Luz para os Povos, Sinomar Fernandes da Silveira por causa do suposto envolvimento de vários pastores desta igreja no golpe.

O delegado afirma que foi num dos templos deste ministério que a pirâmide ganhou força, mas diz que não há como afirmar que houve conivência da instituição. Já Simeyzon criticou o trabalho de Oliveira no plenário da Câmara na sessão de quinta-feira, quando o golpe foi destaque na mídia local. Na próxima terça-feira, o delegado vai à Câmara para conversar com os vereadores.

O golpe tem sido disseminado entre fiéis de pelo menos seis ministérios: Assembléia de Deus, Luz para os Povos, Rocha Viva, Nas Asas do Altíssimo, Igreja de Deus, Batista e Rio da Vida. Os convites são feitos por meio de palestras dadas para os fiéis ou pelos próprios fiéis a amigos e familiares. Há relatos de pessoas convidadas em seus locais de trabalho ou na rua, em bairros periféricos.

"Todo mundo sabia"
Uma fiel da Luz para os Povos, no templo localizado no Parque Amazonas, diz que o Elite Activity era conhecido por todos ali e que desde que começou a ser divulgado por alguns pastores, há quatro meses, causou divergências entre os fieís. "Teve gente que chegou a sair da igreja por não concordar com isso", afirma.

Ainda segundo essa fiel, que pediu para não ser identificada, havia reuniões periódicas nas quais pastores e convidados davam palestras explicando o funcionamento da pirâmide. "A gente era convocada durante os cultos, mas as reuniões aconteciam em outro horário".

Uma outra fiel do Luz para os Povos, que também pediu para não ser identificada, cujo irmão frequenta o mesmo templo, disse que todos na família entraram no Elite Activity, e todos ganharam dinheiro, no mínimo o suficiente para cobrir o que deram de entrada. "Eu dei R$ 200 e ganhei R$ 200. Mas o negócio já estava parando porque as pessoas não tinham mais ninguém para convidar".

O delegado do 22º DP diz que é neste templo - com mais de 4 mil fiéis - que se concentra até agora o maior número de suspeitos ¿ 12 pastores. Em nota à imprensa, o líder da Luz para os Povos nega o envolvimento de qualquer pastor no esquema com o conhecimento do ministério.

Por enquanto, quatro pessoas foram indiciadas por estelionato, formação de quadrilha e crime contra o sistema financeiro. Entretanto, o delegado recebeu informações de que ainda há convites sendo feitos para novos ingressos no esquema. "Me falaram que haveria uma reunião com mais de 500 fiéis neste fim de semana", disse.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3913186-EI5030,00.html

PS> É por essas e por outras, que sou empreendedor de empresas sérias, devidamente registradas, as quais oferecem produtos ou serviço no sistema de venda direta (que é totalmente legal). Dinheiro fácil é começo de processo judicial e cadeia. E as pessoas que acreditam nisso merecem mesmo esse final.

paulo zambroza
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